Os 7 princípios do cooperativismo
Para entender os princípios do cooperativismo é preciso saber que a primeira cooperativa moderna do mundo surgiu em 1844, em Rochdale-Manchester, na Inglaterra. Na época, um pequeno grupo de 28 operários, a maioria tecelões, procurava uma maneira econômica de atuar no mercado.
O grupo resolveu, então, unir-se para criar uma válvula de escape frente ao capitalismo. Assim surgiu a Rochdale Quitable Pioneers Society Limited (Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale).
No Brasil, o primeiro movimento cooperativista ocorreu no final do século 19, mais precisamente em 1889, em Ouro Preto, Minas Gerais. A cooperativa de consumo foi chamada de Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. Em 1902, no Rio Grande do Sul, surgia a primeira cooperativa de crédito nacional.
Atualmente, as cooperativas estão presentes em 150 países. Elas empregam 280 milhões de pessoas em todo o mundo. Isso que significa uma faixa de 10% da população do mercado formal.
Outro dado interessante é que 1 em cada 7 pessoas do planeta são associadas a uma cooperativa. Por outro lado, existem 1,2 bilhão de cooperados.
Dessa maneira, 12% da humanidade fazem parte de uma das 3 milhões de cooperativas do globo. Em nosso país, nos últimos oito anos, o número de pessoas que se uniram ao cooperativismo cresceu 62%.
Os dados são da International Co-operative Alliance e Sistema OCB, divulgados no Anuário Brasileiro do Cooperativismo 2020 pela revista Mundo Coop.
Quais são os 7 princípios do cooperativismo?
1. Adesão voluntária e livre
A adesão de associados ao cooperativismo a uma cooperativa é aberta. Não há discriminação quanto à raça, religião, sexo, classe ou ideologia de seus interessados. O que expressa os valores de igualdade e liberdade do movimento. Basta aceitar suas responsabilidades como membro.
2. Gestão democrática
As cooperativas são organizações democráticas. Quem as controla são seus membros, pois eles participam diretamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os representantes oficias são eleitos por todo o grupo, sejam eles homens ou mulheres.
3. Participação econômica
Os membros contribuem equitativamente para o capital de uma cooperativa. Em termos gerais, parte desse capital é de propriedade comum da organização. Os membros, por sua vez, recebem remuneração limitada ao capital integralizado.
O que excede pode ser destinado a benefícios aos membros. Assim como ao apoio a outras atividades aprovadas pelos cooperados ou para o desenvolvimento da própria cooperativa.
4. Autonomia e independência
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. É importante ter a consciência que os acordos firmados com outras organizações devem ser realizados em condições favoráveis ao controle democrático de seus membros. Além da manutenção da autonomia da organização. Isso inclui acordos tanto com instituições públicas quanto privadas.
5. Educação, formação e informação
As cooperativas promovem a educação e a formação não só para seus membros, mas também para seus trabalhadores. O objetivo é instruí-los quanto a melhor maneira de contribuir para o desenvolvimento das cooperativas, principalmente no que diz respeito aos benefícios da cooperação.
6. Intercooperação
Esse princípio nada mais é que a parceria entre as próprias cooperativas. Juntas, elas só têm a ganhar, e ajudam ainda a fortalecer o movimento cooperativista.
7. Interesse pela comunidade
O cooperativismo contribui justamente para o desenvolvimento sustentável das comunidades. O que gera benefícios sociais e econômicos. Isso ocorre por meio de políticas aprovadas pelos membros.
O oitavo princípio do cooperativismo
Os 7 princípios do cooperativismo foi redigido no ano de 1995 durante o Congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Foi baseado justamente nos valores democráticos e igualitários defendidos pelos pioneiros de Rochdale. Sendo assim, o evento foi realizado em Manchester, onde tudo começou.
Nos dias atuais, há quem defenda que a Comunicação deveria ser o oitavo princípio do cooperativismo, já que vivemos a era da informação. Por mais que o crescimento do movimento cooperativista seja uma realidade no país, ainda existe uma boa parcela da população que desconhece a atividade. Acredita-se que a falta de comunicação seja uma falha nesse sentido.
Na reunião geral das Cooperativas Mutuas do Canadá (CMC) em junho de 2019, Peter Cameron, diretor executivo da Associação das Cooperativas de Ontário, defendeu a inclusão desse oitavo princípio, de acordo com o Anuário Brasileiro do Cooperativismo 2020. Para ele, é preciso “fazer barulho” através do marketing não só para o público interno, mas também para o externo, a fim de ganhar novos cooperados e fortalecer as cooperativas.