O que é intercooperação?
A intercooperação faz parte da lista dos 7 princípios do cooperativismo. Esse princípio nada mais é que a parceria entre as próprias cooperativas. Juntas, elas só têm a ganhar, e ajudam ainda a fortalecer o movimento cooperativista. Além disso, os associados e a sociedade também se beneficiam diretamente desse modelo.
Os negócios entre as organizações cooperativistas é uma tendência que ganha espaço a cada ano. Apesar disso, o número de parcerias nesse sentido ainda é considerado muito baixo. Principalmente no Brasil, quando se compara o número de cooperativas existentes em relação à prática do intercooperativismo.
Tipos de intercooperação
Em termos gerais, existem dois tipos de intercooperação: a horizontal e a vertical. No gênero horizontal (ou territorial), a parceria se dá por meio de cooperativas de diferentes ramos. Aqui, o respeito pelo serviço uma da outra é mútuo, o que gera benefícios a ambas.
Já a vertical aplica-se às cooperativas de um único segmento, que se unem para formar uma central. O objetivo, nesse caso, é a consolidação da marca no mercado com o intuito de ganhar em representação regional, nacional e internacional. Quando as cooperativas diversas se reúnem dentro dessa modalidade, a intenção passa a ser a criação de organizações, como no caso da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil).
Para estimular a intercooperação, a OCB lançou em 2020 a plataforma CooperaBrasil. A vitrine virtual, aliás, é uma ótima oportunidade para que os consumidores encontrem produtos e serviços oferecidos por cooperativas. Sua criação se deu como uma válvula de escape para enfrentar a crise sanitária devido à pandemia.
Nos primeiros meses de sua existência, a maioria das cooperativas cadastradas era do ramo Agropecuário. Logo a seguir estavam as dos ramos de Transporte e de Trabalho, Produção de Bens e Serviços. Fechavam a lista as de Saúde, de Crédito e de Infraestrutura. Destaque para a participação das cooperativas gaúchas, que lideravam a participação no programa.
As informações são da revista Saber Cooperar, uma publicação do próprio Sistema OCB dos meses de agosto, setembro e outubro de 2020.
Federação das Cooperativas Habitacionais
Outra boa notícia é que, em 2019, a Baalbek Cooperativa Habitacional se uniu a outras cooperativas habitacionais para a criação da Federação das Cooperativas Habitacionais. A ação visava atingir tanto as organizações de São Paulo quanto as dos demais estados do Brasil.
A nova instituição surgiu para que essa união fortaleça e ajude na estruturação do ramo, o que auxiliará também na melhora da oferta de moradia digna no país.
Exemplos de intercooperação
Separamos aqui quatro exemplos de intercooperação para que fique mais claro como esse modelo funciona.
Apesar do Brasil ainda não alcançar o patamar de certos países europeus quanto à modalidade, é possível encontrar ótimos exemplos de intecooperativismo em nosso país. Especialmente aqueles de sucesso, que provam que a modalidade é uma via interessante para todos os envolvidos.
Cooperativa Nova Aliança
A Cooperativa Nova Aliança está situada na cidade de Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul. Ela possui mais de 85 anos de história e é resultado da intercooperação entre cinco cooperativas vitivinícolas da Serra Gaúcha. São elas:
- Cooperativa Aliança, de Caxias do Sul;
- Cooperativa São Victor, de Caxias do Sul;
- Cooperativa São Pedro, de Flores da Cunha;
- Cooperativa Santo Antônio, de Flores da Cunha;
- Cooperativa Linha Jacinto, de Farroupilha.
Aproximadamente 900 famílias estão associadas à Nova Aliança. O princípio da intercooperação surgiu a partir de uma necessidade de investir em inovação e tecnologia para o sucesso de todas as organizações. Dessa maneira o faturamento dessas cooperativas triplicou.
Cocamar e Unicampo
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial uniu-se à Unicampo, uma cooperativa de trabalho dos profissionais de agronomia localizada no estado do Paraná. A união foi motivada pela atuação de engenheiros agrônomos na prestação de assistência técnica.
Nesse sistema, a Cocamar remunera os trabalhos técnicos de acordo com a demanda. Por outro lado, a Unicampo presta auxílio qualificado de orientação e elaboração de projetos especializados para assistência ao crédito rural.
A união, que teve início em 1992, perdura até hoje. A Unicampo cresceu dentro do mercado em que atua e expandiu seus negócios tanto a nível nacional quanto internacional. A Cocamar, por sua vez, qualificou o atendimento e prestação de serviço a seus cooperados.
Brazilrice Cooperativa Central Brasileira de Arroz
A Brazilrice é uma central de cooperativas de arroz do estado de Santa Catarina que surgiu em 2012. Sua missão é “apoiar as cooperativas filiadas na sustentação das atividades produtivas de seus associados, através da ação integrada para o desenvolvimento e fortalecimento no mercado de arroz”.
Em um mercado tão competitivo, deixarem de concorrer entre si para se tornarem aliadas foi uma estratégia das mais assertivas. Participam da organização as cinco cooperativas arrozeiras catarinenses:
- Cooperja, de Jacinto Machado;
- Coopersulca, de Turvo;
- Copagro, de Tubarão;
- Cravil, do Vale do Itajaí;
- Cooperjuriti, de Massaranduba.
É válido frisar que a união é focada na comercialização do arroz. Assim, cada uma das cooperativas mantém suas individualidades nas demais áreas. A estrutura, por sinal, conta com milhares de famílias beneficiadas. São elas que produzem de forma sustentável o arroz que abastece às famílias brasileiras nas mais diversas regiões do país.
Unium
A Unium é fruto da parceria entre as cooperativas agroindustriais paranaenses Castro, Frísia e Capal. A organização surgiu em 2017. Com mais de cinco mil cooperados, a Unium representa mais de 7 bilhões em faturamento anual, cujos produtos (leite, trigo e carne) chegam a mais de 25 países.
Entre os principais benefícios da intercooperação entre as cooperativas envolvidas estão:
- Ganho de escala;
- Valor agregado ao produto;
- Redução na concorrência;
- Ganho de competitividade.
Aproveite e conheça também nosso artigo Os 7 princípios do cooperativismo.