O que são cooperativas educacionais?
No Brasil, pouco se sabe ainda a respeito da existência de cooperativas educacionais. Por consequência, o conhecimento de como elas surgiram e como elas funcionam não é difundido como deveria ser. Afinal, como se trata de educação, toda forma de ensino certamente é bem-vinda.
Com base nesse pensamento, podemos imaginar como as crianças brasileiras foram afetadas durante a pandemia com a falta de aulas. Depois disso, a necessidade de um esquema híbrido de aulas, que alternava entre estudo presencial e não presencial. Nessa fase, muitos alunos foram prejudicados por não possuírem condições tecnológicas de manterem o aprendizado com qualidade.
Mas você deve estar se perguntando: onde entram as cooperativas educacionais nisso tudo? Qual a ligação entre uma cooperativa educacional e a dificuldade de manter o estudo em tempos de crise? Pois é o que vamos saber a partir de agora.
Como funcionam as cooperativas educacionais?
As cooperativas educacionais surgiram a partir da necessidade de um ensino público de qualidade. Soma-se a isso a pouca capacidade financeira das famílias em manter as crianças no ensino particular, comprando materiais escolares com alto custo para seus bolsos.
Nesse cenário, tendo os princípios do cooperativismo ao lado, as cooperativas educacionais têm como objetivo unir ensino de boa qualidade e preço justo. Quem administra as escolas são os próprios pais dos alunos, que automaticamente se tornam cooperados. São eles mesmos quem contrata os professores que irão trabalhar de forma autônoma nas instituições.
Os recursos financeiros também são geridos pelos pais, geralmente por meio de assembleias. Eles têm direito a voto e a opinar sobre os rumos da escola. O interesse aqui é apenas entregar um ensino de qualidade aos filhos dos cooperados com custo acessível, ao contrário das escolas particulares, que visam lucro.
Entre outros ensinamentos, os professores contratados promovem a educação com base na democracia, na cidadania, na cooperação e no desenvolvimento da comunidade. Entretanto, tais escolas funcionam como uma instituição de ensino convencional ao respeitar as regras implantadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Cooperativas educacionais no Brasil
O cooperativismo educacional no Brasil surgiu no final dos anos 1940 por meio de uma escola cooperativa fundada por professores em Belo Horizonte. No entanto, foi só em 1982 que o movimento começou a ser reconhecido, cuja expansão aconteceu somente a partir da década de 1990.
Nessa época, foram abertas mais de 80 novas escolas cooperativas no país. Em 1995, esse número era de 106, tendo alcançado o patamar de 300 instituições cadastradas na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) em 2013, segundo informa um artigo disponível para consulta no site da SESCOOP/RS.
Outra informação relevante daquele período é que o Rio Grande do Sul contava com 20 cooperativas educacionais, com 3.368 associados e cerca de 80 empregados.
Atualmente, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2019, elaborado pela OCB, esse número atual no país é de 265 cooperativas escolares. São aproximadamente 61 mil cooperados e mais de 3.400 colaboradores O que mantém a baixa quantidade se levarmos em consideração o tamanho da nação.
O estado de São Paulo conta com 59 cooperativas com este perfil. Minas Gerais possui 25; Rio de Janeiro, 22. Já o Rio Grande Sul aparece com 15 delas. Amazonas, Acre e Roraima, por exemplo, não possuem nenhuma cooperativa educacional.
Aproveite e conheça o relatório completo sobre o Cooperativismo no Segmento Educacional apresentado pela OCB.
Cooperativas escolares na Argentina
A Argentina pode ser considerada um exemplo de sucesso em termos de cooperativismo educacional. Não exatamente pelo modelo o qual é citado nesse artigo. Mas sim pelo comportamento e atitude dos estudantes de Sunchales, cidade localizada a 600 km de Buenos Aires. A localidade é classificada como a capital do cooperativismo argentino.
Praticamente todas as escolas sunchalenses possuem cooperativas de estudantes. São cerca de 3,5 mil alunos fazendo parte dos mais variados projetos. Os próprios estudantes possuem o poder de decisão sobre quais atividades ou produtos serão elaborados.
Além disso, participam de todas as etapas de desenvolvimento, inclusive da administração e da organização. Atualmente, existem 17 cooperativas escolares no município.
Como curiosidade, Sunchales é tida como referência mundial em cooperativas escolares, conforme afirma uma matéria especial sobre o assunto publicada na revista Saber Cooperar, número 33.
Aproveite para ler nosso artigo O sucesso do cooperativismo na Argentina.